Ganhar um Oscar pode mudar a carreira. Para o bem ou para o mal. É como a praga do Grammy de artista revelação: muitos ganham e depois, desaparecem. Na premiação do cinema, não tem categoria que se salve. Pode ser de melhor ator ou atriz. Whoopi Goldberg, Cuba Gooding Jr e Renée Zellweger, a eterna Bridget Jones, são apenas três exemplos de artistas que praticamente desapareceram das boas produções depois de ganharem a estatueta. 

Azar, escolhas erradas, sorte num único papel, não sei. Quem frequentemente também entra nestas listas de sortudos azarados do Oscar é Halle Berry. A bela conquistou o prêmio de melhor atriz em 2002 por "A Última Ceia", e foi a primeira mulher negra a ganhar a estatueta nessa categoria. Mas o problema de Halle tem nome. Na verdade tem apelido, uma roupa de couro justa e uma estranha fixação por gatos. A adaptação de Mulher-Gato foi um fiasco total, rendendo prêmios de pior atriz aquela que já tinha recebido as maiores homenagens do cinema. Dali em diante, a credibilidade de Halle nunca mais foi a mesma. 

Mesmo depois do mico, Halle continuou na ativa, com o papel de Tempestade em “X-men”, e em produções menores, mas interessantes como em “A Estranha Perfeita” e no louco “A Viagem”. Este ano, ela pode ser vista no ótimo thriller “Chamada de Emergência”, em que faz uma atendente do 911 nos EUA, ajudando pessoas em qualquer tipo de problema, desde roubos, sequestros, violência doméstica ou suicídios. Nos primeiros minutos do longa, somos levados à rotina desse tipo de serviço, um ótima tática pra que o telespectador se interesse pelo enredo e ganhe confiança no personagem de Halle, Jordan.

Depois, somos apresentados ao ponto principal do roteiro, quando o personagem de Halle recebe a ligação de Casey (interpetada por Abigail Breslin) após a jovem ser sequestrada. Durante os próximos 90 minutos de filmes, ficamos vidrados pra saber como Jordan poderá libertar Casey do bandido. A direção é bastante competente e consegue equilibrar bem os momentos de tensão, emoção e terror. Vale destacar as atuações de Halle e Abigail. Mesmo que praticamente sempre separadas, a química é muito boa. Aliás, Abigail, que surgiu pequena em “Little Miss Sunshine”, cresceu e, se fizer boas escolhas, poderá ter uma carreira brilhante pela frente. 

Mesmo com um final do tipo - quero vingança a todo custo - "Chamada de Emergência" é uma ótima opção pra uma tarde chuvosa ou para um fim de semana com os amigos. Não vai salvar a carreira de Halle Berry, mas é muito melhor que aquele outro filme, da mulher vestida de couro, com fixação por gatos...

Curti: Abigail Breslin. A menina cresceu, já tem 17 anos e parece que vai se dar bem na carreira. As atuações dela e de Halle Berry estão ótimas no filme, o que torna a experiência ainda mais interessante. 

Não curti: O final. Parece que foi escrito às pressas. E é impressão minha ou quando um caso mais sério chega até o 911, todos os outros atendentes param pra acompanhar, chorar, se emocionar?