cinema Poltergeist

Alta frequência

09:38Guilherme Correa

“Poltergeist” foi lançado originalmente em 1982. Na época, não foi sucesso estrondoso de bilheteria, mas de alguma forma se tornou marco do terror. Talvez pelos efeitos usados, a maneira como a história foi contada ou por ter o nome de Steven Spielberg envolvido na produção. O filme teve duas sequências e volta aos cinemas para uma releitura, mais atual e mastigada dos fenômenos que atormentam uma família norte-americana. 


Pai, mãe e três filhos mudam de casa. O local encontrado está cheio de problemas, mas é o que a economia atual permite. A primeira parte do longa, dirigida pelo britânico Gil Kenan e com produção de Sam Raimi, mostra a interação dessa família. Somos levados ao drama do casal que precisa cuidar das finanças e dos filhos – que se tornam o alvo principal dos fantasmas da luz. É pela rede que esses seres desconhecidos entram em contato com os pequenos, tendo como alvo favorito a filha mais nova, Madison. 


Se nos primeiros momentos o filme acerta ao abordar o drama familiar, a segunda parte é um banho de água fria, quando os fenômenos começam e Maddie é sequestrada pelas forças do mal. Tudo é muito rápido e acontece de uma única vez. Ao mesmo tempo em que Madison é levada pelas almas, o outro filho é atormentado por uma árvore e por palhaços de brinquedo, e a irmã mais velha é trancada na lavanderia. Justamente quando o suspense deve surgir, acaba virando uma confusão geral e são poucos os momentos que surpreendem. Talvez a sequência do palhaço neste filme seja ainda mais interessante do que a da menina conversando com a TV, cena que ficou famosa no "Poltergeist" original. 


A presença de um “exterminador de espíritos” só agrega mais clichês à produção. As explicações para o fenômeno são apenas por diálogos didáticos e nada atrativos. As imagens dos espíritos não são assustadoras, o mundo paralelo é escuro e cheio de garras de esqueletos. O trunfo está na associação da energia com as tecnologias existentes hoje. Em todos os cantos da casa tem uma tela, seja da televisão, tablete ou celular. Telas em que ficamos grudados todos os dias, a todo o momento. Essa dependência em si já é bem assustadora, só que mais uma vez, mal explorada pela produção. A menina andando pela casa e o sinal do celular com interferência é um bom momento, que termina mal aproveitado pela bagunça que os fantasmas provocam (ou seria a bagunça dos roteiristas?). O final provoca mais riso que tensão. Nenhum vizinho ouviu a gritaria? E assim termina a nova versão de “Poltergeist”: não empolga, mas não compromete o original que, convenhamos, não é a melhor obra prima do gênero.

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